O Que Todo Corpo Fala - Resenha crítica - Joe Navarro
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O Que Todo Corpo Fala - resenha crítica

O Que Todo Corpo Fala Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Desenvolvimento Pessoal

Este microbook é uma resenha crítica da obra: What Every Body Is Saying

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-8543109701

Editora: Editora Sextante

Resenha crítica

Dominando os segredos da comunicação não verbal

Uma das razões pela qual nossos autores trazem tanta ênfase para a linguagem corporal é o fato de esta representar mais de 60% de toda a comunicação interpessoal. Por isso, costuma revelar mais sobre as intenções reais de uma pessoa do que os pronunciamentos orais. Pessoas com uma boa habilidade de leitura podem se dar melhor na vida.

Ainda assim, a leitura não pode ser feita de qualquer jeito. Navarro e Karlins reforçam algumas diretrizes que podem ajudar a se dar melhor interpretando a “linguagem silenciosa”. A primeira é ser um observador competente, já que a maior parte das pessoas é distraída e não presta atenção em coisas muito básicas.

Outra diretriz é não interpretar os sinais individualmente, sempre levando em conta o contexto. Um bom leitor não identifica apenas os comportamentos não verbais universais, mas os idiossincráticos, específicos de uma pessoa em particular. Por isso, descobrir o comportamento padrão de cada um ajuda a evitar leituras incorretas.

Os sinais mais esclarecedores frequentemente aparecem quando as pessoas se desviam de seus comportamentos padrões. Mudanças costumam ser reveladoras. As melhores leituras ainda acontecem a partir de múltiplos sinais, muitas vezes simultâneos ou em sucessão. 

Detectar sinais não verbais enganosos também pesa, assim como distinguir entre bem-estar e mal-estar. Se perguntar em qual dos extremos a pessoa se encontra é importante, especialmente em momentos de dúvida. Por fim, procure ser sutil durante as observações. 

Nosso legado límbico

Navarro e Karlins acreditam que cada pessoa conta com três “cérebros”: reptiliano, mamífero e humano. O mamífero é representado pelo sistema límbico, o responsável pelos comportamentos não verbais. Esse é o que vai ser estudado durante o livro. Suas reações são sempre genuínas.

Já o neocórtex, o "cérebro humano”, está ligado à comunicação verbal e é menos confiável. Seres humanos inconscientemente reagem ao perigo seguindo os padrões primitivos de congelamento, fuga e luta.

O congelamento límbico faz com que as pessoas se movam de forma sutil, como se não quisessem ser percebidas. A baixa confiança pode ser vista no “efeito tartaruga”, com os ombros erguidos e a cabeça baixa. A reação ainda aparece quando suspeitos são interrogados e entrelaçam os pés às pernas da cadeira ou quando ladrões disfarçam sua presença física se curvando.

A resposta de fuga também surge em situações de incômodo ou ameaça. Por exemplo, quando uma pessoa se inclina na direção contrária ou exibe comportamentos de bloqueio, como fechar os olhos, colocar as mãos na frente do rosto ou pôr uma bolsa no colo. 

Outros comportamentos de fuga incluem apontar os pés para a saída e desviar o olhar ou o corpo. Já as respostas de luta, aparecem na violação do espaço pessoal dos outros, no olhar e no estufar do peito. Geralmente, são seguidas por “comportamentos pacificadores”, uma forma de buscar conforto.

Cobrir a covinha do pescoço, “limpar” a palma das mãos na coxa, esfregar as mãos na testa, tocar a boca, acariciar o rosto, mexer no cabelo, passar a língua nos lábios e expirar com as bochechas infladas são exemplos.

Tomando pé das coisas

Nossos autores defendem que as partes mais honestas do corpo são os pés. “Pés felizes” são sinal de confiança e de estar em posição vantajosa, embora o movimento também possa sugerir impaciência. 

Virar os pés sinaliza desinteresse, especialmente se em direção a uma saída. O mal-estar e a vontade de combater algo desagradável faz as pessoas darem chutes no ar repentinamente. Alternar o peso entre os pés, apertar os joelhos e ficar em posição de “partida” também simbolizam a vontade de sair do ambiente. 

Já a positividade, é apontada na maior parte das vezes por comportamentos que “desafiam a gravidade”. Apontar o pé para cima, saltitar e andar na ponta dos pés são alguns exemplos. Em situações de confronto, a tendência é a abertura de pernas para manter equilíbrio. 

O andar também é algo que vale prestar atenção e tomar cuidado. Isso porque a maior parte das pessoas caminha em linha reta, com um propósito. Já os assaltantes, ladrões e pedintes, contam com um comportamento um pouco diferente. Andam sem uma direção fixa até encontrar um alvo. A partir daí, passam a caminhar firmemente na direção da pessoa que querem abordar.

Sinais do tronco

Por conter órgãos internos vitais, o cérebro, inconscientemente, tenta distanciar ou proteger o tronco quando há desconforto, ameaça ou uma pessoa desagradável por perto. Em caso de discordância, há a “negação ventral”, quando a parte da frente do corpo fica protegida, afastada ou direcionada para outro lado. 

Quando não há possibilidade de se retrair, uma pessoa desconfortável pode usar objetos ou os braços como barreiras. O inverso é a “exposição ventral”, comum perto de pessoas que despertam sensações positivas. Há inclinação do tronco e dos ombros.

Normalmente, o desconforto representado pela proteção do tronco é demonstrado de forma sutil. Por exemplo, ao cruzar um braço e segurar o cotovelo na mão do outro braço, mexer no relógio ou dobrar a manga da camisa. 

Embora pareça natural, cruzar os braços é um sinalizador que só costuma aparecer em público. A maior parte das pessoas não faz em casa, exceto quando há algum incômodo. O tronco também revela intenções agressivas, como quando uma pessoa infla o peito. 

Para expor o lado ventral, é comum ver pessoas tirando camisas e chapéus antes de partir para a briga. No sentido inverso, o encolhimento dos ombros sinaliza insegurança. Mas se o movimento for de apenas um lado, pode simbolizar desonestidade.                

Abraçando o conhecimento

Assim como os pés e o tronco, os braços podem ser reveladores. Pessoas animadas não restringem os movimentos dos braços e até podem “desafiar a gravidade”. A preocupação e o desconforto mudam essa postura e fazem os braços se estenderem nas laterais ou se cruzarem sobre o peito.

Em uma discussão, quem cruza os braços frequentemente está recuando. É um ponto que pode ser muito significativo. Um exemplo é o comportamento frequente de restrição do movimento dos braços por crianças abusadas. O objetivo inconsciente desse congelamento límbico é não ser percebido.

Também faz parte da linguagem corporal comum dos ladrões de loja. Geralmente, movem os braços com menos frequência do que os compradores. Pessoas que mantêm os braços para trás costumam ser pouco convidativas.

Muito dos sentimentos das pessoas sobre você podem ser descobertos observando se o braço se aproxima ou se distancia. Em alguns casos, braços também marcam território, especialmente por pessoas com status elevado.

A posição de mãos na cintura é chamada de “braços akimbo”, uma postura usada como demonstração de autoridade, frequente em policiais e militares. Mãos entrelaçadas atrás da cabeça também sinalizam conforto e autoridade, assim como mãos fixas e afastadas na mesa e braços sobre as cadeiras.

Lendo mãos

Mãos não são só reveladoras de sentimentos, como pontos de atenção. Retrair e manter debaixo da mesa passa uma impressão furtiva e dissimulada. Por isso, você provavelmente vai simpatizar com mais frequência com pessoas que deixam as mãos visíveis. A atividade tátil também conta, já que bons relacionamentos costumam ter mais contato físico.

As mãos podem inverter a percepção que uma pessoa tem sobre você por efeito de alguns gestos. Por exemplo, apontar o dedo é uma demonstração universalmente ofensiva e negativa, assim como estalar para chamar a atenção de alguém. Se ajeitar é um comportamento aceitável, mas fazer isso quando os outros estão se dirigindo a você pode ser considerado um sinal de desdém.

Mãos suadas e trêmulas são um sinalizador clássico de estresse. A confiança é outro estado de ânimo que transparece nas mãos, com as pontas dos dedos unidas na posição de “torre”. Já esfregar as mãos ou manter os dedos entrelaçados revela preocupação.

Os polegares desempenham um papel mais importante do que a maior parte das pessoas pensa. Para cima, sinalizam emoções positivas. Para fora do bolso enquanto os outros dedos estão dentro, representam confiança. O inverso simboliza emoções igualmente opostas. Mãos para fora com polegares dentro do bolso demonstram insegurança.

Você pode ter algumas pistas sobre honestidade e desonestidade observando a amplitude e a frequência dos gestos. Mentirosos frequentemente gesticulam menos, tocam pouco e se movem em uma frequência igualmente baixa. É a presença do congelamento límbico. Repare na ênfase e no vigor dos gestos das pessoas honestas quando querem provar algo.

A tela da mente

As expressões faciais talvez sejam o assunto mais estudado em termos de comunicação não verbal, o que dá ao rosto o papel de “tela da mente”. É uma linguagem universal e  transcultural, presente em todos os lugares do mundo. Inúmeras emoções podem ser comunicadas e reconhecidas desse modo.

Angústia vai ser sinalizada em olhos semicerrados e testa franzida, enquanto a felicidade fica clara na descontração dos músculos da boca, na abertura da área dos olhos, nos lábios aparecendo e no surgimento de pés de galinha. Um sinal claro de conforto é a inclinação da cabeça para o lado e a exposição do pescoço.

Os olhos são reveladores, com a dilatação e contração das pupilas mostrando o que é desejado e o que é rejeitado. Emoções negativas também são reveladas nos olhos semicerrados, uma forma de bloqueio inconsciente. O comportamento que desafia a gravidade aqui é o de sobrancelhas arqueadas, revelando confiança.

Em eventos negativos, as pessoas reagem como se não gostassem do que viram. Por isso, fecham as pálpebras mais lentamente e até as comprimem. Já olhos arregalados, sugerem surpresas ou positividade. 

O nervosismo costuma aumentar a quantidade de piscadas, assim como o desaparecimento dos lábios. Discordância frequentemente aparece quando as pessoas fazem bico. Narizes franzidos e sorrisos assimétricos são sinais de desprezo.

Detectando mentiras

Mesmo para profissionais, detectar dissimulações é uma tarefa difícil, sendo impossível conseguir uma precisão de 100%. Até o polígrafo tem uma margem pequena, mantendo 60% a 80% de acertos. A maior parte das pessoas fica na casa dos 50%. 

Entre as razões, está o fato de que não há um comportamento que exclusivamente indique dissimulação, embora sinais como tocar o nariz tenham essa fama. Os sinais de mentira também podem ser facilmente confundidos com manifestações de estresse. 

Por isso, uma das regras dos interrogatórios é manter o interrogado à vontade. Assim, há menos comportamentos de estresse para confundir a análise. Quando você quer descobrir uma informação, o ideal é agir como se não quisesse.

Em um ambiente descontraído, é comum afastar objetos da mesa e se aproximar. Os comportamentos não verbais são sincronizados e espelham o outro. Por isso, vale observar a falta de sincronia. Por exemplo, negar uma informação balançando afirmativamente com a cabeça ou gesticular com atraso em relação à fala. 

A principal forma de detectar mentiras é observando sinais de desconforto dentro de um contexto, especialmente ao responder perguntas específicas. Entre os principais, estão mover o corpo para bloquear e manter distância, esfregar as têmporas, passar a mão na nuca, evitar contato físico, transpirar e respirar intensamente, balançar o pé, aumentar pacificadores, tamborilar e agir de forma inquieta.

Por sua vez, expressões faciais dissimuladas são mais longas do que o normal, a voz pode falhar, há menos ênfase, poucas reações de congelamento ou fuga, e poucos gestos que desafiam a gravidade. Repare se os braços e o rosto mudam repentinamente de agitados para imóveis.

Notas finais

A comunicação não verbal é o ponto mais importante, sincero e negligenciado das interações humanas. Os autores de "O que todo corpo fala" ajudam a contrariar essa tendência, mostrando como saber mais sobre o estado de ânimo por meio de simples sinais.

Dica do 12min

Se você quer saber mais sobre o assunto, o livro Desvendando os segredos da linguagem corporal traz uma leitura simples sobre o comportamento não verbal em uma variedade de situações. Os autores são Allan e Barbara Pease e a obra também está disponível aqui.

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Quem escreveu o livro?

Joe Navarro é um autor americano, orador público e ex-agente e supervisor do Bureau Federal de Investigação (FBI). Navarro é especialista na área de comunicação não verbal e linguagem corporal e foi autoria de inúmeros livros, incluindo What Every Body is Saying, Dangerous Personalities e Louder than Words. Em 2009, a Navarro fez parceria com Nightingale-Conant, o... (Leia mais)

Marvin Karlinsrecebeu seu B.A. grau da Universidade de Minnesota (Phi Beta Kappa e Summa Cum Laude) e seu Ph.D. em Psicologia da Universidade de Princeton. Ele é autor de 24 livros e mais de 200 artigos em revistas profissionais, acadêmicas e populares. Além das suas atividades de redação, o professor Karlins foi entrevistado em programas de rádio e televisão e também atuou como consultor internacional para g... (Leia mais)

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